Grupo Surrealista de Lisboa, Portugal 1949. Na foto, da esquerda para a direita : Henrique Risques Pereira, Mário Henrique Leiria, António Maria Lisboa, Pedro Oom, Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Carlos Eurico da Costa e Fernando Alves dos Santos. I Exposição dos Surrealistas, Junho/Julho, 1949.
O Manifesto – “Aviso a Tempo por Causa do Tempo”,
de António Maria Lisboa e a atitude dos surrealistas portugueses
Declara-se para que se saiba:
1.º
que não apoiamos qualquer partido, grupo, directriz política ou ideologia e que na sua frente apenas nos resta tomar conhecimento: algumas vezes achar bom outras achar mau. Quanto à nossa própria doutrina, os outros hão-de falar.
2.º
que não simpatizando com qualquer organização policial ou militar achamo-las no entanto fruto e elemento exacto e necessário da sociedade – com quem não simpatizamos igualmente.
3.º
que sendo nós indivíduos livres de compromissos políticos permaneceremos em qualquer local com o mesmo à-vontade. Seremos nós os melhores cofres fortes dos segredos do estado: ignoramo-los.
4.º
que sendo individualmente e portanto abjeccionalmente desligados das normas convencionais, temos o máximo regozijo em ver essas mesmas normas nos componentes da sociedade. Assim delas daremos por vezes testemunho e mesmo ensino.
5.º
que não somos assim contra a ordem, o trabalho, o progresso, a família, a pátria, o conhecimento estabelecido (religioso, filosófico, científico) mas que na e pela Liberdade, Amor e Conhecimento que lhes preside preferimos estes.
6.º
que a crítica é a forma da nossa permanência.
- António Maria Lisboa, Poesia, Assírio & Alvim.
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“Para a pátria, a igreja e o estado a nossa última palavra
será sempre: MERDA.”
(Abril de 1950, finalizando o “Comunicado dos Surrealistas Portugueses”,
assinado por Artur do Cruzeiro Seixas, João Artur Silva e Mário Henriques Leiria)
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