31.7.12
A propósito de cigarros
Um dia, porém, o Zé comunicou-nos a sua intenção de abandonar o futebol. Ficámos consternados! Fizemos tudo para tentar demovê-lo.
Em vão! Estava mesmo decidido a retirar-se. Resolvemos, então, fazer-lhe uma festa de homenagem em forma. Como ele merecia! Decidimos também dar-lhe uma prenda. Seria aquilo que ele mais adorava: um maço de cigarros!
Nesse tempo, os cigarros mais baratos do mercado eram os da marca Fortes, a que o povo chamava de Mata Ratos. Havia, depois, duas marcas ao mesmo preço: a Provisórios e a Definitivos. Concorriam uma com a outra. Os Provisórios eram da Companhia Portuguesa de Tabacos e os Definitivos da Tabaqueira. Ambas as marcas se vendiam em maços semelhantes, de dois tamanhos: o pequeno, de 12 cigarros, que custava 8 tostões e o grande, de 24 cigarros, que custava 12 tostões. Num gesto algo simbólico, atendendo à nossa secreta esperança de que a despedida do Zé não fosse definitiva, decidimos oferecer-lhe um maço de Provisórios, dos grandes. Precisávamos de arranjar, entre todos, 12 tostões. Foi tarefa nada fácil! Naquela altura, 12 tostões era muito dinheiro! Vimo-nos aflitos para os arranjar. Mas, finalmente, com um tostão daqui, meio tostão dali, lá os conseguimos.
Na tarde do domingo aprazado para a homenagem, o encontro realizou-se no largo da igreja.
O relógio da torre servia de cronómetro.
— David Paiva Martins - Jogos tradicionais
A Tabaqueira
A Tabaqueira 1927
Fundada em 1927, pelo empresário Alfredo da Silva, “A Tabaqueira” instalou a sua fábrica no concelho de Sintra em 1962.
Em 1976, as empresas Intar e A Tabaqueira, SARL são integradas numa única empresa pública, criando a Tabaqueira - Empresa Industrial de Tabacos, E.P, que passou a sociedade anónima (SA) em 1991 e alterou a sua designação para Tabaqueira, SA em 1999.
O processo de reprivatização decorreu entre 1996 e 2000, quando o consórcio vencedor, liderado por empresas da Philip Morris International, adquiriu a maioria do capital social da empresa.
Desde Janeiro de 2008, organizada em duas “empresas-irmãs”, a Tabaqueira – Empresa Industrial de Tabacos, S.A. continua responsável pela produção de cigarros e produtos afins, enquanto que a Tabaqueira II, S.A. é responsável pela comercialização de cigarros e produtos afins no mercado português, incluindo Madeira e Açores. Produzem e comercializam marcas nacionais e internacionais e é a mais importante organização empresarial no sector do tabaco em Portugal. Com uma produção que já atingiu aproximadamente 25 mil milhões de cigarros por ano, a fábrica exporta cerca de metade da sua produção anual para ser comercializada em mais de 35 mercados.
Fonte: adaptado do site da Tabaqueira
cum catano....
30.7.12
Os passos em volta
As crianças enlouquecem em coisas de poesia.
Escutai um instante como ficam presas
no alto desse grito, como a eternidade as acolhe
enquanto gritam e gritam.
Herberto Helder
Retrato de Herberto Helder por Frederico Penteado 2010
29.7.12
28.7.12
Fervor de Buenos Aires
Avenida Corrientes 1936
Calle Corrientes esquina Uruguay 1936
Bartolomé Mitre y Montevideo, 1936
Corrientes y Pueyrredón 1936
Calle Victoria esquina San José, 1936
Florida y Corrientes 1936
Av. de Mayo entre Bolivar y Per 1936
Fotografias de Horacio Coppola
Buenos Aires 1936
mi buenos aires querido
El bar "El Chino" en Buenos Aires - fotografia de Humberto Farro
Mi Buenos Aires Querido - Carlos Gardel > DL mp3
26.7.12
“Uma fenda na muralha”
Admirava tanto a vida piscatória que disse ao seu grande amigo Manuel Vagos que gostaria de passar por essa experiência para saber mais, “muito mais”. Já tinha ido ao mar pôr uma rede de arte xávega e uma rede de cerco do “Olhinha”, António Gualdino Vidinha; mas, um dia, na taberna, Manuel Vagos chamou um amigo pescador – José Formiga Peixe - para levar o escritor ao mar, o que ficou desde logo combinado.
Nesse grande dia, o amigo de Manuel Vagos disse: “Senhor Alves Redol, esteja aqui à uma hora e meia, duas horas em frente ao Tonho Aleluia, que é para ir para o mar”. Mas, Alves Redol não quis assim, porque preferiu ser “chamado à porta” como se fosse um pescador. Coube a tarefa ao jovem Diamantino Peixe, porque era ele o “chamador”. Batendo à porta do Manuel Vagos, como fazia aos outros pescadores, disse: “Senhor Alves, venha até cá abaixo com Deus e não se esqueça”.
Entraram ao mar, em frente ao Ribamar. Estava o “mar de rojo”. Alves Redol apenas trazia uns botins, pertencentes a Manuel Vagos. Quando embarcaram, passados 45 minutos, começou-se a levantar vento. Então, o pescador José Formiga Peixe, que era o arrais do barco, quis que Alves Redol passasse para bordo do barco “Monte Branco”, mas o escritor assim não o quis, dizendo que “com quem tinha ido é com quem tinha de vir”. O vento começou a levantar...
Tudo o que se passava, tudo Alves Redol anotava. Com os pescadores aprendeu, por exemplo, que, quando entra no barco o primeiro peixe, todos retiravam o boné e louvavam a Cristo.
Mais tarde, Diamantino Peixe, por estima e admiração por Alves Redol e pelas experiências que tinham passado juntos, registou o seu barco com o nome do seu livro – “Uma fenda na muralha”, uma história passada na Nazaré e baseada em factos reais, desde as vivências aos costumes.
Alves Redol era “um homem que nunca levou ninguém por maus caminhos, um bom conselheiro, bom homem” (Diamantino Peixe), que muito admirava os pescadores nazarenos. “A presença dele era uma presença significante (…). Apesar de ser uma pessoa modesta… toda a gente tinha uma consideração tal que era uma espécie de auréola que rodeava aquele homem” (José Soares).
Quando vinha à Nazaré falava muito com os pescadores, com quem ia para a taberna. Tanto estava no “Tonho da Aleluia”, como no “Zé Coelho”. Passava muito tempo na barbearia do senhor Abel da Silva, na Praça Sousa Oliveira, e era muito amigo de Eurico de Castro e Silva.
Mas a rua e o mar eram os seus locais preferidos. Para o escritor nazareno José Soares, se tivesse que identificar Alves Redol com um objecto, era com “um batel do alto, porque isso foi para ele uma obsessão”.
— um especial agradecimento a ab pelo texto e pela fotografia tirada na nazaré
25.7.12
Better sex and race, than sexist and racist.
"Young man, three veiled girls in a four-seater motorbike", Irão, Shahr Rey, 1997.
© Abbas / Magnum Photos
“My photography is a reflection, which comes to life in action and leads to meditation. Spontaneity - the suspended moment - intervenes during action, in the viewfinder.”
Abbas, in Magnum Photos Featured Photographer
Amelia
Amelia Earhart ca. 1928
(1897 — 1937)
Desaparecida a 2 de julho de 1937 no Oceano Pacífico ocidental.
[Apple advertisement 1998]
paredes
Robert Frank nos enseño que las buenas fotos no se hacen con el ojo y la combinación de ópticas y mecánicas, sino con el corazón.
Susana Fortes, en su novela "Esperando a Robert Capa", pone en boca de Gerda Taro la siguiente frase: "la manera de mirar es también la manera de pensar y de encarar la vida" o "la fotografía deja errar mis pensamientos".
Desde hoy, y bajo el lema “paredes”, dejemos vagar al corazón…………………
Publicado por Tete1960 en Divagando................
24.7.12
Lembro-me de ouvir do meu pai
"Quadrilha"
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
Alguma Poesia, Editora do Autor, Rio
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