— “Qual poderia ser a sua religião?
— A procura. Eu procuro a verdade, mas sei que nunca a atingirei completamente. Se um dia chegasse à conclusão de que a alcançara, deveria achar que não era possível, que algo me havia escapado e que tinha de prosseguir. Qualquer pessoa que acredite deter a verdade é potencialmente perigosa – e essa é a razão principal por que desconfio de todos os que professam uma religião. No que a mim diz respeito, creio nunca ter atingido a verdade, nem sequer a minha verdade. A verdade é inatingível, o mais que podemos é ter a esperança de nos aproximarmos dela. É este o meu próprio dogma. Se tenho uma religião, é a da procura, da procura que tende para a Verdade.”
Hugo Pratt, O Desejo de Ser Inútil. Memórias e Reflexões (Entrevistas com Dominique Petitfaux). Precedido de uma Abertura Irlandesa,
Lisboa, Relógio d’Água, 1995, p. 251
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