São femininos os símbolos da revolução francesa,
mulheres do mármore ou bronze, poderosas tetas nuas, gorros frígios, bandeiras ao vento.
Mas a revolução proclamou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, quando a
militante revolucionária Olympia de Gouges propôs a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã,
a guilhotina cortou-lhe a cabeça.
Ao pé do cadafalso, Olympia perguntou:
— Se como mulheres estamos capacitadas para subir na guilhotina,
por que não podemos subir nas tribunas publicas?
Não podiam. Não podiam falar, não podiam votar.
As companheiras de luta de Olympia de Gouges foram trancadas no hospício.
E pouco depois da sua execução, foi a vez de Manon Roland.
Manon era a esposa do ministro do Interior, mas nem isso pôde salvé-la.
Foi condenada pela sua antinatural tendência à actividade política.
Ela tinha traído sua natureza feminina, feita para cuidar do lar e parir filhos valentes,
e havia cometido a mortal insolência de meter o nariz nos masculinos assuntos de estado.
E a guilhotina caiu de novo".
Eduardo Galeano :: Espelhos
Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne — Wikipédia
Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne