Não lamentes, Alcino, o teu estado,
como tem sido muita gente boa,
corníssimos Fidalgos tem Lisboa,
milhões de vezes Cornos têm reinado.
Siqueu foi corno, e corno de um soldado,
Marco António por corno perdeu a Coroa
Anfitrião com toda a sua proa
na fábula não passa por honrado.
Um rei Fernando foi cabrão famoso,
segundo antiga letra de gazeta
entre mil porras expirou vaidoso.
Tudo no mundo vai sujeito à greta.
Não fique mais, Alcino, duvidoso
pois isso de ser corno é tudo peta.
José Anselmo Correia Henriques (1777-1831) In Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica
Lisboa: Frenesi/Antígona, 2000 Selecção, prefácio e notas por Natália Correia
(Notas Galantes ou Coleção de Asneiras, manuscrito em poder de Luís Keil, copiado por Cardoso Marta.)
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