25.4.12

"Fables and Dreams"

Mãe...
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar... (...) Diz lá, valeu a pena a travessia?
José Mário Branco - excerto da obra «FMI»
Imagem: 25 de Abril de 1974


~ Café Margoso ~

Ser Solidário, 1ma homenagem





...e uma grande homenagem


José Mário Branco, um dos símbolos vivos da Revolução de Abril, lutou contra a pide e cantou contra a guerra colonial. Foi preso e teve que se exilar em França. Lá teve dois filhos. Um deles estava na barriga da mãe em pleno Maio de 68, no meio das barricadas de Paris, a um mês de nascer. É filho da Revolução e de revolucionários. Sou eu. E tenho um orgulho dificil de descrever por ter este homem como meu pai.
~ JB - Café Margoso




Bonjour Lisboa !

Street scene in Lisbon - Portugal , 1940’s
Photograph by W. Robert Moore, National Geographic





“Se a tua dor te aflige, faz dela um poema.”
( Eça de Queiroz )


José Maria de Eça de Queirós,
nasceu na Póvoa de Varzim no dia 25 de novembro de 1845 e morreu em Paris no dia 16 de agosto de 1900. 

Já lá vão mais de 100 anos, é quase um homem invisível....

24.4.12

o homem da máquina

Émile Zola
(Paris 2 April 1840 – 29 September 1902)


...se aficionó a la fotografía en 1888 y llegó a realizar cerca de 7.000 placas hasta 1902, año de su muerte. Compró una docena de cámaras y montó tres laboratorios para revelar. En la foto, el escritor con su Box 7- El Pais

23.4.12

PASTELARIA


Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmera escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os
olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade, rapaz? E amanhã à bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saida da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

Mário Cesariny - " nobilíssima visão ", assirio & alvim


Para onde quer que olhe, vejo sementes daquilo que me vai no pensamento


o silêncio dos livros

© Lewis Hine, ca. 1924
© Carl Mydans, Scottsboro, Alabama 1936 
© Herbert List
 
© Ferdinando Scianna