Tinha fome de letras. Comia o “s” dos plurais, o “d” dos gerúndios, o “r” dos verbos. Insaciável, deu também para comer palavras inteiras, até se tornar incompreensível. Não satisfeito, passou a devorar frases, orações e períodos completos. Restaram-lhe grunhidos e interjeições. Em pouco tempo, roeu-os até a mudez total. Agora só lhe resta devorar o silêncio.
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