30.5.11

yoes

sombras.jpg

"Pero, además, ¿pensáis -añadía Mairena- que un hombre no puede llevar dentro de sí más de un poeta?
Lo difícil sería lo contrario, que no llevase más que uno."


Antonio Machadoem em Juan de Mairena

A idéia pode ser assustadora... mas a placa é do catano

tsunami.jpg

A frase diz: "em caso de terremoto, vá para um lugar mais alto ou para o interior".

Gostei do desenho do gajo que corre para salvar a própria vida enquanto é perseguido por três ondas menores e uma onda imensa (o tsunami).

"The Sunbaker"

max-dupain-sunbaker-1934.jpg
The Sunbaker (1937)
max_dupain.jpg
1939-1.jpg
1939
pow_50_enlargement_tcm2-8331.jpg
caddy2_500.jpg
1940.jpg
1940
167057.jpg
C1.9a_Max_Dupain_7987-14.A4.png
0115.jpg

Fotografias de Max Dupain

Buñuel e a casualidade

magritte-amantes.gif
Los amantes (1928), de René Magritte


La casualidad es la gran maestra de todas las cosas. La necesidad viene luego. No tiene la misma pureza.

Luis Buñuel


Modern Dance

Untitled by Andre Gelpke.jpg
Photograph by Andre Gelpke

certeza

Instantánea de Chema Madoz.jpg
Instantánea de Chema Madoz

Incierto es, en verdad, lo porvenir. ¿Quién sabe lo que va a pasar?
Pero incierto es también lo pretérito, ¿quién sabe lo que ha pasado?

Antonio Machado en su libro Juan de Mairena (1936)

29.5.11

República | Per le Cooperative Agricole Portoghesi

1975 Per le cooperative agricole portoghesi.jpg1975 República.jpg
José Afonso e Francisco Fanhais
República | Per le Cooperative Agricole Portoghesi
Lotta Continua/Il Manifesto/Vanguardia Operaria (Itália) | 1975 | LP-33 rpm |(Não editado em Portugal)
MP3 @ 128 kbps : Qualidade Razoavel

(pela 1ª vez para muitos de nós!)

1 - Para não dizer que não falei de flores (Geraldo Vandré)
2 - Se os Teus Olhos se Vendessem (Popular)
3 - Foi no Sábado Passado (José Afonso)
4 - Canta Camarada (Popular/José Afonso)
5 - Eu Hei-de Ir Colher Marcela (Popular/ José Afonso)
6 - O Pão que Sobra à Riqueza (Quadras de José Afonso com a música "Vira de Coimbra")
7 - Os Vampiros (José Afonso)
8 - Senhora do Almortão (Popular Beira-Baixa/José Afonso)
9 - Letra para um Hino (Manuel Alegre/Francisco Fanhais)
10 - Ladaínha do Arcebispo (José Afonso)


Músicos:
José Afonso - voce e chitarra | Francisco Fanhais - voce e chitarra | Sara Modigliani - flauti dolci | Carlo Ciasca - chitarra, chitarra bat e mandolino | Mimmo Mangeri - chitarra, percussioni, berimbau |Giorgio Vivaldi - percussioni



"República" foi gravado em Roma, em 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975, nos Estúdios das Santini Edlzioni. Álbum de solidariedade para com o jornal República e a Reforma Agrária, editado em 1975, com interpretações de Zeca e de Francisco Fanhais. Editado por iniciativa conjunta do Manifesto e das organizações Lotta Continua e Vanguardia Operaria, nunca foi distribuído em Portugal. O produto da venda dos discos destinava-se ao apoio da Comissão de Trabalhadores do Jornal "República" ou, caso o jornal fosse entretanto extinto, ao Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre.
Inclui um tema inédito, Foi no Sábado Passado, escrito a propósito de uma manifestação de solidariedade com a revolução portuguesa, realizada em Roma. Os outros temas são Para não dizer que não falei de flores, do brasileiro Geraldo Vandré, Se os teus olhos se vendessem, Canta camarada, Eu hei-de ir colher macela, O pão que sobra à riqueza, Vampiros, Senhora do Almortão, Letra para um hino e Ladaínha do Arcebispo." - Viriato Teles

28.5.11

digo-te 1ma coisa: fumar mata

Duke Ellington and Billy Strayhorn 1960.jpg
Duke Ellington and Billy Strayhorn 1960 photo courtesy of Portraits in Jazz

26.5.11

borboletas de Jade

opium-1.jpg
The tools of the trade for opium use, 1946.jpg
The tools of the trade for opium use, 1946
a smoker in a den in China in 1946.jpg
a smoker in a den in China in 1946
GIRLS WITH BOUND FEET SMOKING DOPE in an OPIUM DEN in CANTON.jpg
girls with bound feet smoking dope in an opium den in Canton
Opium smoking in China, Charles J. H. Halcombe (1896.jpg
Opium smoking in China, Charles J. H. Halcombe (1896)
Opium Den Concession at 1893 Chicago World’s Fair.jpg
Opium Den Concession at 1893 Chicago World’s Fair
opium_landing.jpeg
White Women in Opium Den, Chinatown, S. F., From Album of views of California and the West, Canada, and China, ca. 1885-ca. 1895.jpg
White Women in Opium Den, Chinatown, S. Francisco, 
From Album of views of California and the West Canada and China, ca. 1885
Underground opium den. [T.E. Hecht.], The Bancroft Library. University of California, Berkeley..jpg
Underground opium den. [T.E. Hecht.], The Bancroft Library. University of California, Berkeley.

É antes do ópio que a minh'alma é doente.

res-2750-v_1915-01_0083_69_t24-C-R0150.jpg

Álvaro de Campos

Opiário 
 



Ao Senhor Mário de Sá-Carneiro

É antes do ópio que a minh'alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.

Esta vida de bordo há-de matar-me.
São dias só de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça,
já não encontro a mola pra adaptar-me.

Em paradoxo e incompetência astral 

Eu vivo a vincos de ouro a minha vida, 

Onda onde o pundonor é uma descida 

E os próprios gozos gânglios do meu mal.

É por um mecanismo de desastres, 

Uma engrenagem com volantes falsos, 

Que passo entre visões de cadafalsos 

Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.

Vou cambaleando através do lavor 

Duma vida-interior de renda e laca. 

Tenho a impressão de ter em casa a faca 

Com que foi degolado o Precursor.

Ando expiando um crime numa mala, 

Que um avô meu cometeu por requinte. 

Tenho os nervos na forca, vinte a vinte, 

E caí no ópio como numa vala.

Ao toque adormecido da morfina 

Perco-me em transparências latejantes 

E numa noite cheia de brilhantes, 

Ergue-se a lua como a minha Sina.

Eu, que fui sempre um mau estudante, agora 

Não faço mais que ver o navio ir 

Pelo canal de Suez a conduzir 

A minha vida, cânfora na aurora.

Perdi os dias que já aproveitara. 

Trabalhei para ter só o cansaço 

Que é hoje em mim uma espécie de braço 

Que ao meu pescoço me sufoca e ampara.

E fui criança como toda a gente. 

Nasci numa província portuguesa 

E tenho conhecido gente inglesa 

Que diz que eu sei inglês perfeitamente.

Gostava de ter poemas e novelas 

Publicados por Plon e no Mercure, 

Mas é impossível que esta vida dure. 

Se nesta viagem nem houve procelas!

A vida a bordo é uma coisa triste, 

Embora a gente se divirta às vezes. 

Falo com alemães, suecos e ingleses 

E a minha mágoa de viver persiste.

Eu acho que não vale a pena ter 

Ido ao Oriente e visto a índia e a China. 

A terra é semelhante e pequenina 

E há só uma maneira de viver.

Por isso eu tomo ópio. É um remédio 

Sou um convalescente do Momento. 

Moro no rés-do-chão do pensamento 

E ver passar a Vida faz-me tédio.

Fumo. Canso. Ah uma terra aonde, enfim, 

Muito a leste não fosse o oeste já! 

Pra que fui visitar a Índia que há 

Se não há Índia senão a alma em mim?

Sou desgraçado por meu morgadio. 

Os ciganos roubaram minha Sorte. 

Talvez nem mesmo encontre ao pé da morte 

Um lugar que me abrigue do meu frio.

Eu fingi que estudei engenharia. 

Vivi na Escócia. Visitei a Irlanda. 

Meu coração é uma avòzinha que anda 

Pedindo esmola às portas da Alegria.

Não chegues a Port-Said, navio de ferro! 

Volta à direita, nem eu sei para onde. 

Passo os dias no smokink-room com o conde - 

Um escroc francês, conde de fim de enterro.

Volto à Europa descontente, e em sortes 

De vir a ser um poeta sonambólico. 

Eu sou monárquico mas não católico 

E gostava de ser as coisas fortes.

Gostava de ter crenças e dinheiro, 

Ser vária gente insípida que vi. 

Hoje, afinal, não sou senão, aqui, 

Num navio qualquer um passageiro.

Não tenho personalidade alguma. 

É mais notado que eu esse criado 

De bordo que tem um belo modo alçado 

De laird escocês há dias em jejum.

Não posso estar em parte alguma. 

A minha Pátria é onde não estou. 

Sou doente e fraco. 

O comissário de bordo é velhaco. 

Viu-me co'a sueca... e o resto ele adivinha.

Um dia faço escândalo cá a bordo, 

Só para dar que falar de mim aos mais. 

Não posso com a vida, e acho fatais 

As iras com que às vezes me debordo.

Levo o dia a fumar, a beber coisas, 

Drogas americanas que entontecem, 

E eu já tão bêbado sem nada! Dessem 

Melhor cérebro aos meus nervos como rosas.

Escrevo estas linhas. Parece impossível 

Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta! 

O fato é que esta vida é uma quinta 

Onde se aborrece uma alma sensível.

Os ingleses são feitos pra existir. 

Não há gente como esta pra estar feita 

Com a Tranqüilidade. A gente deita 

Um vintém e sai um deles a sorrir.

Pertenço a um gênero de portugueses 

Que depois de estar a Índia descoberta 

Ficaram sem trabalho. A morte é certa. 

Tenho pensado nisto muitas vezes.

Leve o diabo a vida e a gente tê-la! 

Nem leio o livro à minha cabeceira. 

Enoja-me o Oriente. É uma esteira 

Que a gente enrola e deixa de ser bela.

Caio no ópio por força. Lá querer 

Que eu leve a limpo uma vida destas 

Não se pode exigir. Almas honestas 

Com horas pra dormir e pra comer,

Que um raio as parta! E isto afinal é inveja. 

Porque estes nervos são a minha morte. 

Não haver um navio que me transporte 

Para onde eu nada queira que o não veja!

Ora! Eu cansava-me o mesmo modo. 

Qu'ria outro ópio mais forte pra ir de ali 

Para sonhos que dessem cabo de mim 

E pregassem comigo nalgum lodo.

Febre! Se isto que tenho não é febre, 

Não sei como é que se tem febre e sente. 

O fato essencial é que estou doente. 

Está corrida, amigos, esta lebre.

Veio a noite. Tocou já a primeira 

Corneta, pra vestir para o jantar. 

Vida social por cima! Isso! E marchar 

Até que a gente saia pla coleira!

Porque isto acaba mal e há-de haver 

(Olá!) sangue e um revólver lá pró fim 

Deste desassossego que há em mim 

E não há forma de se resolver.

E quem me olhar, há-de-me achar banal, 

A mim e à minha vida... Ora! um rapaz... 

O meu próprio monóculo me faz 

Pertencer a um tipo universal.

Ah quanta alma viverá, que ande metida 

Assim como eu na Linha, e como eu mística! 

Quantos sob a casaca característica 

Não terão como eu o horror à vida?

Se ao menos eu por fora fosse tão 

Interessante como sou por dentro! 

Vou no Maelstrom, cada vez mais pró centro. 

Não fazer nada é a minha perdição.

Um inútil. Mas é tão justo sê-lo! 

Pudesse a gente desprezar os outros 

E, ainda que co'os cotovelos rotos, 

Ser herói, doido, amaldiçoado ou belo!

Tenho vontade de levar as mãos 

À boca e morder nelas fundo e a mal. 

Era uma ocupação original 

E distraía os outros, os tais sãos.

O absurdo, como uma flor da tal Índia 

Que não vim encontrar na Índia, nasce 

No meu cérebro farto de cansar-se. 

A minha vida mude-a Deus ou finde-a ...

Deixe-me estar aqui, nesta cadeira, 

Até virem meter-me no caixão. 

Nasci pra mandarim de condição, 

Mas falta-me o sossego, o chá e a esteira.

Ah que bom que era ir daqui de caída 

Pra cova por um alçapão de estouro! 

A vida sabe-me a tabaco louro. 

Nunca fiz mais do que fumar a vida.

E afinal o que quero é fé, é calma, 

E não ter estas sensações confusas. 

Deus que acabe com isto! Abra as eclusas — 

E basta de comédias na minh'alma!

1914, Março
No Canal de Sués, a bordo

tens uns fios desligados...

Upside Down Room, Harper’s Bazaar, 1960, Photography by Melvin Sokolsky.jpg

Upside Down Room
Harper’s Bazaar, 1960
Photographer: Melvin Sokolsky

25.5.11

desabafo...


Como Sena escreve, com dureza:
"Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo, porque estará sempre perdido como merece.
Nós todos é que precisamos que nos salvem dele."

Most Wanted

bonnie_and_clyde.jpg

Os verdadeiros Bonnie e Clyde
A verdadeira história

Num período de dois anos, entre 1932-34, durante a "Great Depression" na America, Bonnie & Clyde foram o par mais procurado e perseguido nos Estados Unidos da America.

Ficaram conhecidos por diversos assaltos a bancos, o assassinato de cerca de 13 pessoas, em legítima defesa segundo alguns historiadores da época. Acabaram chacinados pela polícia americana a 23 de Maio de 1934, dentro do carro. Estariam perdidos de Amores?

24.5.11

coisas


“Tudo cresce no silêncio. Tudo cresce em silêncio.
Desde o ácer até à vulgar tradescância. Mas quem melhor se
adapta são, sem dúvida, os miosótis. Depois de alguns minutos
em silêncio já nem te consegues mexer, com o receio de os pisares.”

Jorge de Sousa Braga