“Tenho lido ultimamente que o Sr. Presidente, como medida de austeridade para fazer frente à crise financeira, apelou a todos os Portugueses a não passarem férias fora do país. Baseando-me nesta informação, deduzo que o Sr. Presidente não está bem informado sobre a situação financeira da maior parte dos cidadãos que representa. Como tal gostaria de aproveitar esta ocasião para acalmá-lo, tirando-lhe esta preocupação, pois a maioria dos Portugueses, não vai viajar tanto para o estrangeiro este ano, assim como sempre o fez, porque o povo que o Sr. Presidente da República representa, tem, teve e pelo que me parece, irá sempre ter os ordenados mais baixos da Europa ocidental. Segundo o que li, estes europeus ganham mais de 55 % do que os portugueses comuns. Como tal encontram-se, na grande parte dos casos, impossibilitados em passar férias no estrangeiro.
Talvez também não esteja informado que, em contrapartida, os nossos governantes, seus familiares, amigos e lacaios têm ordenados ostensivamente superiores, por vezes mais que o dobro dos ordenados dos governantes do resto da Europa Ocidental. Como tal aconselhava ao Sr. Presidente da República do pobre povo português a apelar, mas dirija por favor o seu apelo só aos seus ministros, funcionários, famílias e lacaios, pois só estes têm o poder de compra necessário para passarem férias fora de Portugal. O Português comum – com isto refiro-me àqueles portugueses “sem contactos especiais” e que não quiseram emigrar – nem gozar férias no próprio país podem. Estes passam-nas em casa e se por acaso tiverem a sorte de ter um quintal onde possam apanhar uns banhinhos de sol, bebendo a cervejinha do Continente, já podem se dar por grandes sortudos. Por isso, Senhor Presidente da República Portuguesa, guarde estas palavras só para si e para aqueles mais abençoados pelas mãos de “Deus”, porque muitos sentem-se gozados e estes apelos podem ser prejudiciais para uma possível próxima candidatura.
Cumprimentos saudosos de uma cidadã portuguesa que abandonou o seu País por ter deixado de acreditar que os nossos políticos estejam interessados em proporcionar uma vida digna aos seus cidadãos. Fartei-me da pobreza portuguesa, aqui não sou rica, mas tenho acesso a determinadas comodidades que num país qualquer europeu são tidas como normais e que em Portugal só têm acesso, aqueles portugueses “com amigos especiais”. O padrão que mede a qualidade do trabalho de um político é a qualidade de vida do cidadão e não o número de funcionários e privilégios que estejam ao dispor do Sr. Presidente e seus Ministros.”
Texto da autoria de uma imigrante portuguesa na Alemanha.
http://pimpmyportugal.blogspot.com/2010/06/excelentissimo-senhor-presidente-de.html
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