25.9.10
paraísos
o meu pai já faleceu
a minha mãe ainda não
quase todos os dias penso no meu pai
quase todos os dias penso na minha mãe
"... quando quero escandir versos de Swinburn, faço-o, dizem-me , com a voz dele.
Só o que morreu é nosso, só é nosso o que perdemos. ..."
se a imortalidade existe, então
eu existo
"... Todo o poema, com o tempo, é uma elegia. ...
Não há outros paraísos que não sejam paraísos perdidos."
a minha mãe ainda não
quase todos os dias penso no meu pai
quase todos os dias penso na minha mãe
"... quando quero escandir versos de Swinburn, faço-o, dizem-me , com a voz dele.
Só o que morreu é nosso, só é nosso o que perdemos. ..."
se a imortalidade existe, então
eu existo
"... Todo o poema, com o tempo, é uma elegia. ...
Não há outros paraísos que não sejam paraísos perdidos."
A memória não cunha moeda
São os rios
Somos o tempo. Somos a famosa
parábola de Heraclito o Obscuro.
Somos a água e não o diamante duro,
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos aquele grego
que se olha no rio. A sua visagem
muda na água da mutável imagem,
no vidro que muda como o fogo.
Somos o vão rio determinado,
rumo ao seu mar, pela sombra cercado.
Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha moeda.
E contudo há algo que se queda
e contudo há algo que se queixa.
Jorge Luis Borges