30.4.10

28.4.10

FMI . 1982-2010


FMI - José Mário Branco

Vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial, trata-se de um texto que foi escrito, assim, de um só jorro, numa noite de Fevereiro de 79, e que talvez tenha um ou outro pormenor que já não é muito actual. Eu vou-vos dar o texto tal e qual como eu o escrevi nessa altura, sem ter modificado nada, por isso vos peço que não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto.
Chama-se FMI.
Quer dizer: Fundo Monetário Internacional.
Não sei porque é que se riem, é uma organização democrática dos países todos, que se reúnem, como as pessoas, em torno de uma mesa para discutir os seus assuntos, e no fim tomar as decisões que interessam a todos ... É o internacionalismo monetário!


FMI
Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI - Não há graça que não faça o FMI
FMI - O bombástico de plástico para si
FMI - Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI - Não há truque que não lucre ao FMI
FMI - O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI - Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais,
- Célulazinhas cinzentas - sempre atentas -
E levas pela tromba se não te pões a pau
um encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te,
não desfolhes em vão este malmequer
que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalte-quer,
messe gigantesca, vem-te bem
vem-te, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama,
vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho,
vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão,
olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora,
a Música no Coração da Indira Gandi,
olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho,
o respeitinho é muito lindo
e nós somos um povo de respeito, né filho?
Nós somos um povo de respeitinho muito lindo,
saímos à rua de cravo na mão
sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas,
né filho?
Consolida filho, consolida,
enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela
que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde.
Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo,
o teu trabalhinho é muito lindo,
é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho?
O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras,
tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é?
Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar,
para ver se a gente consegue num grande esforço nacional
estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho?
Pois claro!
Estás aí a olhar para mim!
estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto,
pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação
e estás a pensar lá com os teus dedinhos:
Este tipo está-me a gozar,
este gajo quem é que julga que é?
Né filho?
Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente?
A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote!
Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho?
Onde está o teu Extremo Oriente, filho?
Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó,
tu és 'Sepulveda' tu és Adamastor, pois claro,
tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas
com passaporte de coelho, não é filho?
Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida!
Entretém-te filho, entretém-te!
Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho,
trabalhinho, porreirinho da Silva,
e salve-se quem puder que a vida é curta
e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus
com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI - dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch!
Come on baby a ver se me comes!
Come on Luís Vaz
Amanda-lhe com os decassílabos que eles
já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas!
E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares,
zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal,
zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro,
zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros,
zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer
e acabamos todos numa sardinhada à integralismo Lusitano,
a estender o braço, meio Rolão Preto, meio Steve McQueen,
ok boss, tudo ok,
estamos numa porreira meu,
um tripe fenomenal, proibido voltar atrás,
viva a liberdade, né filho?
Pois, o irreversível, pois claro,
o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau,
nada será como antes,
agora todos se chateiam de outra maneira, né filho?
Ora que porra, deixa lá correr uma fila
ao menos malta pá, é assim mesmo,
cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é?
Preocupações, crises políticas pá?
A culpa é dos partidos pá!
Esta merda dos partidos é que divide a malta pá,
pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá!
Razão tem o Jaime Neves pá!
(Olha deixaste cair as chaves do carro!)
Pois pá!
(Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?)
É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá!
Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata.
Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril,
esta confusão pá, a malta estava sossegadinha,
a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa...
Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo,
mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah?
Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah?
Quem é que não se calava,
quem é que arriscava coiro e cabelo,
assim mesmo, o que se chama arriscar, ah?
Meia dúzia de líricos, pá,
meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá,
isto é tudo a mesma carneirada!
Oh sr. guarda venha cá, á,
venha ver o que isto é, é,
o barulho que vai aqui, i,
o neto a bater na avó, ó,
deu-lhe um pontapé no cu, né filho?
Tu vais conversando, conversando,
que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode?
Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah?
Estás desiludido com as promessas de Abril, né?
As conquistas de Abril!
Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar
e tu ficaste quietinho, né filho?
E tu fizeste como a avestruz,
enfiaste a cabeça na areia,
não é nada comigo, não é nada comigo, né?
E os da frente que se lixem...
E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver,
é não querer entender nada,
precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho?
Precisas de ter razão,
precisas de atirar as culpas para cima de alguém
e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril,
para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março,
para os do 25 de Novembro, para os do ... que dia é hoje, ah?

FMI - Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho?
Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade?
Esta merda não anda porque a malta, pá,
a malta não quer que esta merda ande, tenho dito.
A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade?
Quer isto dizer,
há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular!
Somos todos muita bons no fundo, né?
Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né?
Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas,
estas coisas até já nem querem dizer nada,
ismos para aqui, ismos para acolá,
as palavras é só bolinhas de sabão,
parole parole parole
e o Zé é que se lixa, cá o pintas é sempre o mexilhão,
eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol,
pronto,
viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marrazes, Marrazes,
fora o arbitro, gatuno, qual gatuno qual caralho,
razão tinha o Tonico Bastos para se entreter, né filho?
Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs
que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores.
Entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais.
Entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho.
Entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar.
Entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes.
Entretém-te filho e vai para a cama descansado
que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante,
enquanto tu adormeces a não pensar em nada,
milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores,
redes de policia secreta, telefones, carros de assalto,
exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá!
Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II
Tudo corre bem
A ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza
que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas.
A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua
se o teu salário perde valor todos os dias,
Vão-te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra
é como o rio de S. Pedro de Moel
que se some nas areias em plena praia,
ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar
de maneira que se possa dizer:

— Porra, finalmente o rio desaguou!Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma,
Tás tu a ver, que tens tu a ver com isso, não é filho?
Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é?
Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer.
Votas à esquerda moderada nas sindicais,
votas no centro moderado nas deputais,
e votas na direita moderada nas presidenciais!
Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?!
Era o que faltava!
É assim mesmo, julgam que te tragam num mercedes, toma,
para safado, safado e meio, né filho?
Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto,
os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro!
Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega.
Entretém-te meu anjinho, entretém-te,
que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam,
eles decidem por ti, decidem tudo por ti,
Se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão,
descansa que eles tratam disso,
se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos
ou se hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo!
Descansa, não penses em mais nada,
que até neste país de pelintras se acho normal
haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar!
Descontrai baby, come on descontrai,
afinfa-lhe o Bruce Lee, afinfa-lhe a macrobiótica,
o biorritmo, o euroscópio, dois ou três oveneologistas,
um gigante da ilha de Páscoa e uma Grace do Mónaco de vez em quando
para dar as boas festas às criancinhas!
Piramiza filho,
piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto,
que assim é que tu te fazes um homenzinho
e até já pagas multa se não fores ao recenseamento.
Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá!
Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound,
dá-lhe no pop-xula,
pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever!
Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti.
Não te chega para o bife?
Antes no talho do que na farmácia;
Não te chega para a farmácia?
Antes na farmácia do que no tribunal;
Não te chega para o tribunal?
Antes a multa do que a morte;
Não te chega para o cangalheiro?
Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir,
cabrões de vindouros, ah?
Sempre a merda do futuro?
e eu que me quilhe?... pois pá ...
Sempre a merda do futuro, a merda do futuro e eu ah?
Que é que eu ando aqui a fazer?
Digam lá, e eu?
José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra,
anda aqui um gajo cheio de boas intenções,
a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois?
É só porrada e mal viver, é?
O menino é mal criado,
o menino é 'pequeno burguês',
o menino pertence a uma classe sem futuro histórico...
Eu sou parvo ou quê?
Quero ser feliz porra,
quero ser feliz agora,
que se foda o futuro,
que se foda o progresso,
mais vale só do que mal acompanhado,
vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa,
Filhos da puta de progressistas
do caralho da revolução que vos foda a todos!
Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego,
não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho,
não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho,
saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto,
vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais
para o raio que vos parta!
Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho,
deixem-me só para sempre,
tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega,
sossego porra, silêncio porra,
deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só,
deixem-me morrer descansado.
Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado,
Eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto,
Eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes
e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa,
deixem-me só porra, rua, larguem-me, desópila o fígado,
arreda, t'arnego Satanás, FILHOS DA PUTA.
Eu quero morrer sozinho ouviram?
Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI,
Eu quero lá saber do FMI,
Eu quero que o FMI se foda,
Eu quero lá saber que o FMI me foda a mim,
Eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se ele tornar a ir para o hospital,
pronto, bardamerda o FMI,
O FMI é só um pretexto vosso seus cabrões,
O FMI não existe,
O FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma,
O FMI é uma finta vossa
para virem para aqui com esse paleio,
Rua, desandem daqui para fora,
A culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa,
a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa,
Oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe ... ... ...

Mãe, eu quero ficar sozinho...
Mãe, não quero pensar mais...
Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora.
Mãe, por favor
Tudo menos a casa em vez de mim,
outro maldito que não sou senão este tempo
que decorre entre fugir de me encontrar
e de me encontrar fugindo,
de quê mãe?
Diz, são coisas que se me perguntem?
Não pode haver razão para tanto sofrimento.
E se inventássemos o mar de volta,
e se inventássemos partir, para regressar.
Partir e aí nessa viajem
ressuscitar da morte às arrecuas que me deste.
Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos,
numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe...
Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto,
lembrar nota a nota o canto das sereias,
lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal,
lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição,
partir aqui com a ciência toda do passado,
partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria,
de esperança precoce e intranquila,
o azul dos operários da Lisnave a desfilar,
gritando ódio apenas ao vazio,
exército de amor e capacetes,
assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou:
— Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer,
aqui está a minha arma para vos servir.
Assim mesmo, por detrás das colinas
onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores,
as festas e os suores, os bombos de lava-colhos,
assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria,
de esperança precoce e intranquila,
o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.

De quem é o carvalhal?
É nosso!

Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso.
Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei.
Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena.
Diz lá, valeu a pena a travessia?
Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram.
A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez.
Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me 1 dente. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.


Ser solidário assim, par'além da vida...

José Mário Branco - FMI


Nota:
FMI foi editado originalmente em 1982 no maxi Som 5051106, e reeditado em 1996 em 'Ser Solidário' ( EMI-Valentim de Carvalho). Aconselha-se vivamente a sua audição.




The King Of Love Is Dead

Assassinated on April 4, 1968, in Memphis, Tennessee.



The Video "Why? The King of Love is dead" by Nina Simone was recorded
at the liveconcert at 21 December 1986 in the Kongresshaus Zürich
and edited by ISIS VOICE.


27.4.10

Hermeto Pascoal - DOWNLOAD FREE

Hermeto Pascoal, um dos maiores gênios da música contemporânea concedeu todas as composições registadas em seu nome — uma discografia de mais de trinta álbuns — para download gratuito. Ao todo são 614 músicas disponíveis para gravação total ou parcial. Por enquanto, apenas uma parte delas está disponibilizada no site do músico, no qual também estão disponibilizadas partituras de sua obra.




Sacred Geometry

Lawlor Robert
Sacred Geometry - Philosophy And Practice
pdf

:: Sacred Geometry ::


UM ZECA AFONSO PROIBIDO

COLUMBIA - EMI - SEGJ 23 - edição proibida (1964)

Coro dos Caídos _ Canção do Mar _ Maria _ Ó Vila de Olhão

Esta edição durou pouco e, ao ser reeditada, não o foi com esta capa fabulosa.
A foto é de Rocha Pato. Foi tirada no Choupal num bairro pobre que lá existia e com os meninos que por lá andavam.
Eram meninos pobres que viviam nas margens do Mondego. O Zeca fez questão de fazer desta fotografia a capa do seu disco, até porque estava ainda bem fresco o êxito dos "Meninos do Bairro Negro".

download


25.4.10

Grândola, Vila Morena

PLANE - S 88 115 - edição alemã (1975)
Lado A
Senhor Arcanjo (Herr Erzengel) - Cantigas do Maio (Mailieder) - Milho Verde (Gruner Mais) - Cantar Alentejano (Lied Aus Dem Alentejo)

Lado B
Grândola, Vila Morena (Grândola, Braune Stadt) - Maio Maduro Maio (Mai Reifer Mai) - Ronda Das Mafarricas (Hexentanz) - A Mulher Da Erva (Die Krauterfrau) - Coro da Primavera (Fruhlingschor)

Trata-se da edição alemã do álbum "Cantigas do Maio" (ORFEU - STAT 009 - 1974).
Tem as letras em alemão.

Esta edição alemã é, de todas as que me passaram pelas mãos, aquela que tem a melhor qualidade sonora.




24.4.10

... e a menina, afinal era um menino!


— e a fotógrafia é
do Sérgio Guimarães!
— é... já morreu
— na altura, o poster teve grande impacto
— foi daqueles - era assim que se chamava - "inesquecíveis"
— hum... era frequente vê-lo nas casas dos portugueses
— estava-se no tempo...

« das flores, das rosas, dos beijos,
do tudo naice, deixa p'ra lá,
a coisa agora vai ficar muito melhor.

A Junta de Salvação vai tratar-nos da saúde.

Os pobres vão ficar com o dinheiro dos ricos.

Os solteiros vão ficar com as mulheres dos casados.

Os pedestres vão receber os carros dos latifundiários»

... e por aí fora ...
— ... e a menina, afinal era um menino!
— é verdade, é o filho do Pedro Bandeira Freire ...
— ouvi dizer que o Cavaco o ia convidar este ano para as cerimónias ...
— ná!!! ... "A pequena foi p'Almada!"
— esse também já morreu ... o coiso ... o
— o Zé Viana
— isso o Zé Cacilheiro ...

O resto da conversa perdeu-se .


23.4.10

Enterrem meu coração na curva do rio

DEE BROWN ERA UM BIBLIOTECÁRIO NOS ANOS 60 E 70 QUE CUIDAVA DOS ARQUIVOS ÍNDIOS EM WASHINGTON.
UM DIA RESOLVEU ESCREVER A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE OS MASSACRES SOFRIDOS PELOS NATIVOS NORTE-AMERICANOS.
ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO VEIO À PÚBLICO NO INÍCIO DOS ANOS 70 E CAUSOU UMA COMOÇÃO NACIONAL DENTRO DOS ESTADOS UNIDOS.
NINGUÉM TINHA A REAL DIMENSÃO DO GENOCÍDIO QUE OS SUCESSIVOS GOVERNOS HAVIAM CAUSADO AOS ÍNDIOS.
EXISTEM LIVROS CUJAS TRAJETÓRIAS CAUSARAM VERDADEIRAS TRANSFORMAÇÕES NAS CONSCIÊNCIAS AO REDOR DO PLANETA.
ESTE LIVRO COM CERTEZA É UM DELES.


22.4.10

Magia


a experiência da vida

é uma magia




18.4.10

I Remember You

Eunice Kathleen Waymon
(Tryon, 21 de fevereiro de 1933 — Carry-le-Rouet, 21 de abril de 2003)
Nina Simone


story
THE FADER


In September, Legacy Recordings released To Be Free: The Nina Simone Story, a three-cd + dvd collection spanning the legendary singer’s career, from her debut on Little Girl Blue to her final recordings on A Single Woman. The dvd makes available for the first time a 1970 documentary of Simone, which is excerpted in the video above.

The box set has since been nominated for a Grammy, so, to get the judges hyped and to give hints to our secret Santas, we are republishing segments of our own Nina Simone story from the FADER Number 38 Icon/Photo Issue. First, her daughter Simone speaks about growing up in and eventually growing out of her mother’s shadow, and then, Nina’s ex-husband Andy Stroud reveals some of the private moments that illustrated the singer’s difficult brilliance. Read both after the jump along with photos from the issue.

Simone: The Daughter

I remember her and my dad leaving a lot. For the first six years of my life I remember her being the softer one. She didn’t give me a spanking or anything like that, so she was my refuge and I wanted to be around her all the time. One fond memory is of my mother and father doing the jitterbug in the living room. You know how kids just love to see their parents together?
It was just a wonderful feeling to watch them in sync, laughing.
The people that I remember the most were Stokely Carmichael, Miriam Makeba, Betty Shabazz. Those are people I also had relationships with, those were my uncles and aunts. Times have changed a lot in terms of parent and child relationships. Children of divorced relationships weren’t really considered affected. It wasn’t talked about back then in the early ’70s, so I just remember one day my father was there and the next day he wasn’t. One day we were living in Mount Vernon and the next day we weren’t. No one explained anything to me and that’s still something that I have to work through. I wish that they had taken at least five minutes of their time just to say, Look, we love you, this is not because of you, we’re just not getting along, we’re just not going to stay together anymore. But that never happened.

Have you heard of Attilah Shabazz? She’s Malcolm X’s eldest daughter. Sometimes people tell me little stories about things I don’t remember and I’m able to put two and two together. She said that at one point her mom was trying to find my mother because I guess it was time for school to start and Betty didn’t know what mom wanted to do. I guess when Aunt Betty couldn’t find my mom she just put me in Montessori with her own children. I was maybe six, and every time the phone rang, I would say, “Is that my mommy?” And my father also told me later on that he didn’t know where I was. I guess he came home, the wedding ring was on the side of the bed and he didn’t know where she’d gone and he didn’t know where I was, so…

When I was 13 my mother and I got into a big argument because she wanted me to go to boarding school on the Ivory Coast and I just was not feeling that at all. I guess maybe I was just tired of moving. And then she somehow found a school in Switzerland, an international boarding school. Everything was fine, as long as she wasn’t around, and then she decided to come and turn my world upside down. The following year, I had a ticket to New York and we had a three day weekend, and I said to my mom, “You know what? I’m going back to New York to see my dad, and I’m gonna prove to him that he loves me like I’ve been telling you all these years. Or prove to myself that he doesn’t, like you’ve been telling me all these years. But either way we gonna get this straight.” I didn’t tell my father that I didn’t have a return ticket to Switzerland. So I landed on his doorstep, and of course he was happy to see me cause he thought I was only coming for three days, and on the fifth day, he was like, “Well, when are you going back?” And that’s when I had to tell him the real deal.

Make no mistake, the umbilical cord is stronger than logic. Throughout all of this, all I wanted was my mommy, her approval, her love, her support. It was very complicated, but the love was always there, up until the day she died. It’s just that you have to find a way to communicate with one another and respect one another. I could always reach her through music, there were a couple songs that she taught me that we could sing as a duet. I remember one time we were having a…she just…it was a lot of pregnant pauses, and I just started singing. She sat up straighter and she came in with the other part. Once we got done, it was as if that wall was gone. I was grown at that time; I realized at that moment, “Ah-ha!” I knew how to get through all the bullshit.

During the first few years of me making the decision [to pursue singing] and her really having a hard time digesting that and accepting it, she would ask me a lot of questions to try and see where my head was, and to also try to dissuade me. For every argument or every question she had, I had thought it out and I wasn’t afraid. At one point she said, “Well you know people are gonna compare you to me.” And I said, “That’s fine, I don’t have a problem with that, because I can guarantee you that at least 50 percent of them will not be disappointed with what they do hear.” And she’s like, “Well, they’re gonna expect you to play piano.” I’m like, “Well, I don’t.” And then she said, “Well, they’re gonna expect you to sing protest songs.” And I was like, “Well, I can sing your protest songs.” Basically she was saying, You’re gonna have to work really hard and you’re gonna have to bust your butt and you’re gonna be betrayed and you’re gonna be this and that. And I looked at her and I said, “And for any job or for anything you want to be successful at, tell me, which one do you not have to bust your butt at?” So after a while she just realized that it was futile. Then my mother finally saw me in Rent when I was Mimi on the first national tour. She loved it. She stopped questioning a lot of things and started asking me questions about my career.

One day in the early ’90s, I remember talking to a friend of mine about when my mom dies, and I was like, “I don’t want anything.” And he looked at me and he said, “Well, you’re her only child, you have no choice.” I remembered that being a real epiphanous moment for me. I’d been running away from the relationship, because it just seemed like I could never do anything right or couldn’t say anything right, and I just didn’t want any more of that pain. When I realized in that moment that no matter how far I ran I would never be away from it, I said, “You know what? Let’s see how she likes having a relationship with me.” I became more empowered in that moment, because then when I would deal with her, if she was having a bad day, I would say, “You know mom, I love you but I don’t think we need to talk right now. Call me when you’re feeling better.” She became aware of how I was feeling and it was up to her to either make the change, or not. I also think she started to respect me more, not only as a performer but as an individual—and was proud. So she was able, for lack of a better word, to relax. I know she had a lot of insecurity issues. She felt that I was competing with her. And I had to remind her, “Mommy, I’m not trying to take your place, I’m trying to be an extension of you, because you’re wonderful, and you have to know that you’re wonderful.” When my mother passed, for a while I grieved more for the fantasy that I was hoping for and that could never be. It was almost like, “How dare you pass away, before we reach the place that I want us to reach?”

I had a conversation with her three years ago in France, she was eating. She’d had cancer for a while, and she was in chemo and all that. I said, “What are you eating?” And she said, “Oh, some kind of grass,” because she hated eating salads and all that, she called it cow food. I asked her, “Have you lost any weight?” And she said, “Oh yeah, oh my God, I’ve lost a lot of weight.” And in that moment I knew that she was dying, because that’s what cancer does. And six weeks later she was gone.

Simone is the only child of Nina Simone and Andy Stroud. She is a singer and performer.

Andy Stroud: The Husband


I met Nina at the Round Table and we wound up later at the Drake for drinks. At the end of the night, she put a business card in my hand and on the back she had an inscription: “It was very nice to meet you—Nina,” with the date 3/7/61. We kept in touch and dated and it became hot and heavy. Nine months later we were married on December 4, 1961.

I found her to be a normal person at that time; I didn’t know what was underlying. Her moods varied a lot when I met her and she was going to the psychiatrist at least twice a week. I discontinued that. I told her, “Hey you’re not gonna have two men telling you what to do.” And she said, “Well, alright. But if you want me to discontinue seeing the psychiatrist, I want you to let him analyze you.” I said okay and went and he gave a good report: “Feet on the ground, square-headed. A nice guy, normal, no problems.” So she said, “Okay, you got a good report, I’ll discontinue.” And we also threw out the gays that were hanging around the apartment. There were some—mostly females—and I said, “We can’t continue this if we’re gonna be married.”

I put the relationship in five-year segments. The first five years were the romantic period. After she had the baby [Simone], she stayed at home for a while. We had the big house in Mount Vernon and we would sit in the dining room and evaluate each other’s potential. I was a lieutenant in the police department and she had this dream of being the first female black classical pianist in Carnegie Hall. We decided that I would get out of the police department and take over her career.
All sorts of people who became famous would visit us, young artists, Broadway people. Langston Hughes and Nina were great friends and they collaborated on the song “Backlash Blues”, which was one
of his poems. Jimmy Baldwin was there all the time, hanging out in the Village and the two of them would talk and argue and scream
and holler, but they were the best of friends. A couple of times Nina got into her nasty moods and didn’t want to go on stage—we had Langston, Jimmy, myself, all pleading, trying to get her on. Eventually, she would.

Nina and Lorraine Hansberry became friends. When she was rehearsing A Raisin In The Sun on Broadway, we used to attend the rehearsals and watch with Sydney Poitier and the rest of the cast. Nina and Lorraine became great friends, they had long discussions on world conditions, race relations, politics. All of these talks began to turn Nina into a devoted protester. Hansberry was a revolutionary—after talking with Lorraine for a couple days at her place up in Westchester, Nina would come home and she’d say, “Let’s go poison the water! Where’s the water supply?!” I’d go, “What the hell are you talking about?!”

She wrote her first protest song in 1964 as a result of the Medgar Evers killing, those three college students killed in Mississippi by the Klan and, ultimately, the four little girls in Alabama. That was the boiling point, she ranted and raved and stomped and ran around the house screaming, howling, sitting at the piano and pounding and came up with “Mississippi Goddam”. After a couple weeks of fuming, she got to the point where she just sat at the piano and I think she wrote that song in one or two hours—it just flowed out.
Nina was a very doting, very loving mother for the first three or four years, but as I say, I take it in five-year cycles. At the end of the fourth year or so she became occasionally despondent and depressed. She began writing letters saying, “Why did I have the baby?” and just questioning everything. At one time she was so concerned about these mood changes that we went to Columbia Presbysterian and she was there for three or four days. They ran every test known to science at the time, trying to pinpoint the reason for all of these mental problems and came up with zilch. Later on I heard in the ’80s —after I was no longer involved—they came up with some sort of brain chemistry imbalance and a certain type of medicine was recommended to stabilize her.

We officially divorced in 1972. We separated from January 31, 1969 until 1970, when we returned from the European tour. She ran off the plane and I didn’t see her for days or hear from her. We had an agreement: I paid child support, but not when the child was out of the country and I had no visitation rights.

No one wrote me [when she left]. I had no idea [where she was], at that time there were no letters, and she would call at two o’clock in the morning, complaining and wanting me to join her. Over the years, there were hundreds of letters of begging and pleading, which I never acknowledged or responded to, except in ’76. She had a situation in London with this African manager or associate who almost killed her, strangled her and left her unconscious. Subsequently, she attempted to commit suicide with sleeping pills, was taken to a hospital, revived. A few weeks later she was in an English countryside spa. I got letters and phone calls and everything begging me, and so I finally relented. I took a trip over and, after several days of talking, agreed to represent her in business action only, no personal relationships. So she came back to the United States and I got an apartment for her on Columbus Circle and she walked into the apartment and said, “This is a goddamn open grave.” I said, “Hey, what do you want? These are great accommodations to start, because we haven’t made any money.” She stayed for a while and then she ran off to Barbados.

CTI records wanted to record her at Philharmonic Hall and gave me expense money. Al Schackman and I went to Barbados to bring her back. We found her at a hotel on the beach, deeply in debt. Naturally she was very difficult to handle. We left and came back to New York and did the concert, but CTI went bankrupt and never recorded it. I had schedules, in ’78 and ’79, for concerts across the country. But it was the same old, same old. She had promised me that she would do the right thing, but she was the same old Nina Simone: bitchy, problematic, upset for no reason. You could never satisfy her.

In ’65, she started talking about suicide for the first time and it began to appear in later writings. She attempted it in London, and I think there was another incident, but she became very unstable at times, for no known reason. After her success in ’65, ’66 and ’67 she began to complain of being tired—we were only doing weekend concerts. [One time] I took out the schedule and counted, I said, “You did
30 concerts last year, how in the hell could you be tired?” We were living from concert-to-concert. She wanted to put a swimming pool in the patio, she was talking hundreds of thousands of dollars of refurbishment and upgrading on the house, but she didn’t want to work. I said, “Where are we gonna get the money?”

She always held me to account with a little bulletin board in the kitchen where I used to pin up notes like: “This time next year, you’ll be a rich black bitch.” She would get angry and say, “Look, you made this promise.” I said, “Yeah, but unless you wanna go out in the street and turn tricks, we got no money coming in. You gotta do mathematics.”

I was always trying to do what she wanted, but it was impossible. When she started writing protest songs, she would see Aretha and Nancy Wilson doing guest appearances and she would go into a frenzy, like, “Why ain’t I?!?” I said, “Nobody wants you! You can’t scream and holler about killing white people and think they’re going to have you as an entertainer.” I got her on the Johnny Carson show, and you’d think she’d sing “Porgy” or something like that, but she sang something that was totally unacceptable and a waste of time.

Harry Belafonte was one of the organizers when [Martin Luther] King had that Selma-to-Montgomery march. Belafonte called when we were at the Village Gate with Art Deluger, Miriam Makeba and Hugh Masakela. Belafonte called and said, “We’re having a celebration festival before they enter Montgomery.” When we got in, everybody was there: Hollywood people, all the black stars, and Nina sang “Mississippi Goddam”. She was in the front line, with her back to the stage, and facing the audience was Martin Luther King, Ralph Bunch and a lot of other well-known people. When she sang, that whole line got up and turned around to face the stage—she was a huge success. In those times, she didn’t show fear, she would get up and get involved and committed and she was ready to die.
Andy Stroud was married to Nina Simone from 1961 to 1970 and was her business manager throughout their union. He continues to release her recordings, and recently published a book of photos from their marriage.

It is available at www.ninasimone.biz.

from : Video: Nina Simone, “Dont You Pay Them No Mind” + FADER Cover Story « The FADER

17.4.10